O ouro registra queda pelo terceiro dia consecutivo, pressionado por sinais de avanço nas negociações comerciais entre os EUA e diversos parceiros, o que tem reduzido a demanda por ativos de refúgio, mesmo diante de indícios de desaceleração nas principais economias globais. Esses sinais positivos diminuem o apelo do ouro como ativo seguro, ainda que persistam preocupações com a saúde econômica global.

Os investidores, antes focados no risco de uma recessão mundial, agora demonstram otimismo com a possibilidade de resolução das disputas comerciais. A perspectiva de acordos está incentivando a migração para ativos de maior risco, como ações, o que enfraquece a procura por ouro. No entanto, apesar desse aparente otimismo, a incerteza quanto à estabilidade de longo prazo da economia global continua elevada. Indicadores recentes apontam para uma desaceleração do crescimento nos EUA, o que pode reacender o interesse pelo metal como proteção contra choques econômicos.

No curto prazo, a trajetória do ouro deverá ser influenciada principalmente pelo progresso nas tratativas comerciais e pela divulgação de dados macroeconômicos relevantes. Caso as negociações avancem, a pressão de venda sobre o ouro tende a persistir. Por outro lado, uma piora no cenário econômico pode restaurar seu status como ativo de proteção.

Ontem, os preços do ouro recuaram 1,8% após o Escritório do Representante de Comércio dos EUA, ligado ao presidente Donald Trump, sinalizar que a primeira fase de um acordo comercial estaria próxima de ser concluída. Adicionalmente, a emissora estatal chinesa CCTV informou que Washington tem mantido contato com Pequim por múltiplos canais, o que reforçou o clima de otimismo.

Apesar da correção recente, o ouro segue negociado próximo das máximas do ano, tendo ultrapassado a marca de US$ 3.500 na semana passada. A valorização foi impulsionada sobretudo pela busca por segurança em meio às políticas comerciais voláteis da administração Trump, que elevaram a aversão ao risco global. A demanda especulativa na China e as compras de bancos centrais também contribuíram para o movimento de alta.

Como mencionado anteriormente, a economia norte-americana apresentou contração no início do ano — a primeira desde 2022 — impulsionada por um forte aumento das importações, que antecedeu a aplicação de novas tarifas comerciais.

Esse cenário levou os mercados a anteciparem uma postura mais dovish do Federal Reserve, com quatro cortes de 25 pontos-base já precificados para este ano, na tentativa de mitigar os riscos de uma recessão. Taxas de juros mais baixas, por sua vez, tendem a beneficiar o ouro, uma vez que o metal não oferece rendimento.

Na sexta-feira, será divulgado o aguardado relatório mensal de empregos dos EUA, que deverá fornecer sinais mais claros sobre o impacto inicial das políticas comerciais adotadas por Trump.