Não importa quantos sinais de alerta surjam, os investidores sempre parecem encontrar novas formas de acreditar que os bons tempos podem durar para sempre. Hoje, as regras do jogo em Wall Street estão mais evidentes do que nunca: o S&P 500 segue renovando máximas históricas, impulsionado por um rali que adicionou US$ 16 trilhões em valor de mercado desde o início de 2025. Os preços do petróleo rondam as mínimas de quatro anos, enquanto o apetite por risco transborda de ações a criptomoedas. A volatilidade implícita está no nível mais baixo em um ano. Investidores continuam comprando no topo, e é quase impossível prever qual será, de fato, a última máxima.

Nos anos 1990, foi a Internet que impulsionou as bolsas americanas. Em 2021, foram as taxas de juros zero. Hoje, é a vez da inteligência artificial. Wall Street se convenceu de que "excesso de otimismo" não existe — pelo menos por enquanto. O Fed deve seguir cortando juros, as tecnologias de IA vieram para ficar e, com isso, tanto os lucros corporativos quanto a economia americana ainda têm espaço para crescer. O mesmo vale para o S&P 500.

Divergência entre o Dow Industrials e as empresas de transporte

Não importa que a velha Teoria de Dow esteja piscando sinais de alerta. Segundo ela, quando as ações industriais sobem sem a confirmação do setor de transportes, é sinal de que problemas estão se formando. O descompasso entre os dois não era tão grande desde a crise financeira global de 2008–2009, a pandemia de 2020 e o choque das tarifas no início deste ano. Além disso, o número de "ursos" já supera o de "touros" há sete semanas consecutivas — algo que só aconteceu três vezes desde o início do século XX.

Ainda assim, o mercado escolhe ouvir apenas o que lhe convém. Em vez de focar nas manchetes negativas, investidores se agarram a um relatório recente do Bank of America que sugere não haver bolha no índice amplo de ações. Historicamente, nas dez maiores bolhas de mercado, o rali médio do fundo ao topo foi de cerca de 244%. Hoje, as chamadas Magnificent Seven acumulam uma alta de 223%. Naquela época, o preço/lucro médio era de 58 e a distância em relação à média móvel de 200 dias era de 29%. Atualmente, esses números estão em 39 e 20%, respectivamente. Ou seja, o S&P 500 ainda tem espaço para subir.

Sentimento otimista versus pessimista nas ações dos EUA

O que poderia deter os compradores no índice amplo de mercado? Uma forte reavaliação das expectativas para os juros do Fed? A julgar pelo movimento no mercado cambial — onde o dólar americano vem se fortalecendo, essa reavaliação já está em andamento. Ainda assim, as ações seguem impassíveis. Inflação acelerando nos EUA? Possível, mas pouco provável. O Federal Reserve já sinalizou estar mais preocupado com o desemprego. Dados robustos do mercado de trabalho? Também dificilmente mudariam a narrativa atual.

Do ponto de vista técnico, no gráfico diário, o S&P 500 está a um passo do alvo previamente mencionado em 6.700 pontos. Uma quebra acima dessa resistência abriria espaço para 6.850 e, potencialmente, níveis mais altos. Nesse cenário, continua fazendo sentido adotar a clássica estratégia de "comprar nos recuos" ou manter posições de compras em novas máximas históricas. O suporte-chave permanece próximo de 6.570.