O par EUR/USD vem subindo há dois dias, refletindo a fraqueza generalizada do dólar americano. Após uma breve recuperação, o dólar voltou a ser pressionado: o índice do dólar dos EUA recua em direção ao nível de 100,00, após ter se aproximado de 102,00 apenas dois dias atrás.
Enquanto isso, os dados do índice ZEW deram um impulso modesto ao euro, fortalecendo o apetite dos compradores no par EUR/USD. Como resultado, o par retornou à faixa de 1,12 e agora testa uma resistência intermediária em 1,1230 — ponto onde ocorre o cruzamento das linhas Tenkan-sen e Kijun-sen.
Observando o gráfico semanal do EUR/USD, vemos que no início de março o par subiu mais de 500 pontos em reação ao anúncio do então presidente dos EUA, Donald Trump, sobre tarifas específicas para determinados setores e sobretaxas sobre produtos chineses. É interessante notar que, antes dessa escalada, o mercado não reagia negativamente à retórica agressiva de Trump em relação ao comércio. Na verdade, suas ameaças tarifárias costumavam fortalecer o dólar como porto seguro — em janeiro, por exemplo, o EUR/USD caiu para 1,0179.
No entanto, tudo mudou no final de fevereiro, quando a previsão GDPNow do Fed de Atlanta indicou inesperadamente uma desaceleração econômica dos EUA para o primeiro trimestre — o primeiro grande sinal de alerta. A situação se agravou quando o próprio Trump reconheceu publicamente a possibilidade de uma recessão ainda em 2024. Paralelamente, os principais indicadores macroeconômicos começaram a decepcionar: além das fracas folhas de pagamento não agrícolas de fevereiro, dados como vendas no varejo, confiança do consumidor e o índice ISM de manufatura também ficaram abaixo das expectativas.
Esse cenário pessimista levou o EUR/USD de 1,0370 para a faixa de 1,0850–1,0890. O par permaneceu nesse intervalo por cerca de três semanas, até que, no início de abril, Trump reacendeu a volatilidade ao anunciar um novo e mais agressivo plano tarifário. O dólar voltou a perder força, e o EUR/USD atingiu uma máxima de vários anos em 1,1574.
Em seguida, iniciou-se um período de "degelo", que pode estar se aproximando do fim. Primeiro, surgiram rumores de que autoridades americanas e chinesas discutiam informalmente um retorno às negociações. Depois, Trump sinalizou disposição para reduzir tarifas e negou os boatos de que pretendia demitir Jerome Powell. Por fim, a reunião em Genebra no último fim de semana resultou em um acordo preliminar: ambos os países concordaram em reduzir (mas não eliminar) as tarifas e "concordar em continuar negociando".
Esse alívio levou a uma valorização generalizada do dólar, empurrando o EUR/USD de volta de 1,1574 para 1,1066.
Contudo, os vendedores não conseguiram manter o par abaixo de 1,10. Agora, os compradores tentam consolidar o EUR/USD acima de 1,1200 — um sinal preocupante para os otimistas em relação ao dólar. Afinal, o principal motor do dólar hoje é a "trilha das negociações comerciais"; todos os demais fatores fundamentais tornaram-se secundários. Nem mesmo o recente relatório de inflação, que mostrou desaceleração nos preços ao consumidor (aliviando temores de estagflação), conseguiu sustentar o otimismo. Por outro lado, o impacto positivo da reunião de Genebra já passou, e entramos novamente em território incerto.
Agora começa a fase real das negociações — que pode ser longa e de desfecho imprevisível. Vale lembrar: durante a guerra comercial entre 2018 e 2020, levou um ano e meio para concluir o acordo da Fase 1, assinado apenas em janeiro de 2020.
Não está claro quanto tempo levará a atual rodada de conversas, mas esperar uma resolução rápida é irrealista. E vale reforçar: as tarifas não foram eliminadas, apenas reduzidas — e as tarifas específicas impostas em março continuam em vigor, assim como aquelas implementadas durante o primeiro mandato de Trump.
Tudo isso lança dúvidas sobre uma continuidade sustentada da queda do EUR/USD. O dólar precisará de um catalisador concreto e positivo para retomar um movimento de valorização consistente — a palavra-chave aqui é consistente. Esse impulso pode vir na forma de atualizações significativas sobre as negociações com a China ou relatos confiáveis indicando progresso real. As conversas entre EUA e União Europeia também estão no radar dos investidores, mas seguem paralisadas, apesar das declarações provocativas de Trump.
Desde a reunião de Genebra, o silêncio tem predominado — o que tem sido interpretado negativamente para o dólar. A falta de informações ou progresso visível nas negociações com a UE também contribui para esse cenário.
Por isso, os compradores do EUR/USD assumiram a dianteira, aproveitando a fraqueza generalizada do dólar.
Ainda assim, uma tendência de alta sustentada no par também exige um novo gatilho — como rumores de impasse nas negociações, declarações pessimistas ou mesmo a continuação do silêncio informacional. O atual vácuo de notícias penaliza o dólar, mas o euro também precisa de uma justificativa sólida para avançar além dos níveis atuais. Por ora, a situação permanece em compasso de espera.
Diante desse cenário, é provável que o EUR/USD se mantenha estagnado dentro da faixa de 1,12 — mais especificamente entre 1,1180 e 1,1300, delimitada pelas bandas de Bollinger no gráfico de 4 horas. Esses são os limites técnicos mais imediatos, embora, na prática, o par deva flutuar dentro da região de 1,12 até que surjam novos eventos.
Uma dinâmica parecida ocorreu no fim de abril, quando o par se estabilizou entre 1,1300 e 1,1400, enquanto o mercado aguardava sinais das negociações preliminares entre EUA e China.
O complicador é que qualquer declaração oficial — por definição, imprevisível — pode mudar a direção do par. Caso EUA e China emitam projeções otimistas, o EUR/USD poderá voltar à faixa de 1,10–1,11. Por outro lado, sinais negativos (vazamentos, rumores) ou a continuidade do silêncio podem pressionar ainda mais o dólar, empurrando o par de volta para a região de 1,13–1,14 ou mantendo-o preso na área de 1,12 por tempo indefinido.